Por Renata Nascimento / Foto: Ronaldo Lima

Receber os cuidados de saúde desde o início da gravidez e acompanhamento até os dois anos de idade do bebê é uma realidade para as mães de Diadema que participam do Projeto Vida na rede municipal - após essa idade, as crianças continuam sendo acompanhadas até a adolescência. Na UBS Paineiras, as mães são incentivadas a escrever sobre emoções e experiências vivenciadas a partir das consultas, grupos e outras atividades realizadas na Unidade Básica de Saúde (UBS). Quando o bebê completa um ano, o registro da história vai para um livro personalizado entregue à família.

A pequena Isadora Moura Ventura dos Reis, de um ano e dois meses de idade, já tem sua história contada em um livro. Durante o pré-natal, a mãe Kamila Moura Ventura dos Reis foi convidada a participar das atividades da UBS Paineiras e relata que a terceira gravidez foi diferente. “Eu participei de grupos de gestante, amamentação, alimentação e outros que me ajudaram muito. Com o acompanhamento dos profissionais da UBS ficou mais fácil o cuidado, tanto que eu trazia a nenê ao médico por rotina e não porque ela ficava doente”, afirma. 

Além do cuidado e bem-estar, as atividades proporcionam maior vínculo entre os familiares. O pai Francisco Ventura dos Reis Neto também participou do grupo de shantala, massagem indiana para relaxamento do bebê. “É algo novo, nunca tive essa oportunidade. Hoje, faço a shantala na minha filha”, afirmou. 

Projeto Vida

Todas as atividades fazem parte do Projeto Vida, criado em 2013, e que tem o objetivo de diminuir a mortalidade infantil na cidade. Para isso, foi criado um comitê para estudar as principais causas da mortalidade, reestruturar fluxos de atendimento e propor novas ações. Com isso, o índice caiu de 15,8 por mil nascidos vivos, em 2013, para 11,5 por mil nascidos vivos, em 2014. Os dados são do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e da Secretaria Municipal de Saúde, respectivamente.

Entre as principais medidas adotadas estão atendimento imediato com enfermagem após a confirmação da gravidez, solicitação de exames do pré-natal e agendamento de ultrassom, consultas médica e odontológica e inscrição no curso de gestantes. Alguns meses antes do parto, a gestante pode visitar as instalações da maternidade municipal.

Em três anos, mais de 18 mil mulheres foram beneficiadas pelo projeto, seja pelo acompanhamento desde o início da gravidez ou no pós-parto. “O Projeto Vida demonstrou um excelente resultado quanto à queda da mortalidade infantil na cidade. Para isso, foi necessário capacitar e sensibilizar as equipes de saúde em UBSs, Pronto Socorro e Pronto Atendimentos, hospital e maternidade. As equipes de especialidades como pré-natal de alto risco e serviços de apoio também foram capacitadas para entender a mulher – gestante e mãe – como protagonista desse processo”, explica a médica pediatra e uma das coordenadoras do projeto, Arabela Oliveira.

Resultado

Durante as atividades, é possível estreitar o vínculo entre moradores e Unidade para que juntas o cuidado com a criança seja mais produtivo. Ao completar o ciclo de um ano, as mães receberam o livro personalizado em um encontro do Grupo Materno-infantil. “Receber o diário foi muito bom, ficou lindo. Se eu não tivesse participado dos grupos, não teria tantas recordações. E isso acaba unindo mais a família”, diz Kamila.

“Como profissional é muito gratificante acompanhar todo esse processo. Quando a mãe é acolhida, o vínculo fica mais estreito. Ela tem acesso à UBS e sabe que pode contar com a equipe em cada fase desse momento”, explica a enfermeira Olímpia Cristina da Silva Bernardes Correa.